Após ter finalizado - graças à Deus e com sucesso - a minha monografia sobre Caccini e Monteverdi, gostaria muito de deixar aqui algumas palavras remetentes à esse fantástico compositor que foi Claudio Monteverdi.
Monteverdi nasceu em Cremona (Itália), em 1567. Em vida, publicou 8 livros de Madrigais, levando este mesmo gênero ao máximo desenvolvimento, ao patamar de grande expressividade e dramaticidade.
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Claudio Giovanni Antonio Monteverdi (1567-1643), também violinista, maestro e cantor, foi um dos grandes ícones do cenário estético-musical de seu tempo, tomando a arte musical como essência de sua vida. Seus trabalhos se tornaram inovadores, fundamentais na linguagem musical, marcos para a história da música.
Em acordo com os movimentos culturais de seu tempo, Monteverdi cunha sua arte na esfera dos sentimentos, da vida afetiva concreta, levando-a ao patamar de grande expressividade criativa. Tal como os humanistas, Monteverdi absorve dos filósofos gregos a idéia de que a relação entre alma e música medía-se pelo conceito de imitação. “No mundo artístico encontramos o termo Imitação, ou seja, a arte imitando coisas do mundo como são apresentadas a nós.” (PERSONE, 1991, p.23). Assim sendo, tomando de Pitágoras e Aristóteles esta concepção, Monteverdi considera a música não como mera representação dos sentimentos mas como a própria manifestação das paixões da alma. Desse modo, o compositor escolhe, para musicar, poesias como as de Rinuccini, Guarini e Petrarca, que revelavam em seus conteúdos a realidade humana: a exteriorização dos sentimentos e emoções do Homem. Por meio da intrínseca relação entre texto e música, que também se reafirma por meio do estilo recitativo (que faz com que o personagem do texto se torne um declamador), Monteverdi evidencia o humano: seu canto está a favor da expressão, do afeto, da dramaticidade. O recitativo permite à melodia imitar ritmicamente o dizer cotidiano, meio pelo qual o homem geralmente exterioriza seus pensamentos e emoções. O movimento melódico, vertical, acometeria assim a modulação de afetos, por imitar a modulação/entonação da voz.
Bom, não quero aqui aprofundar a escrita sobre o discurso de Monteverdi, mas sim destacar e exclarecer o novo momento musical que surgia naquela época, que deu início ao Barroco Musical: a "Seconda Prattica".
Muitas vezes, e principalmente a partir do seu Quarto Livro de Madrigais, escrito no ano de 1603, os madrigais de Monteverdi foram alvo de críticas, feitas por indivíduos que não compreendiam suas intenções composicionais e a expressão que atingia em suas obras.
“escrevi uma resposta para que saiba que não faço as coisas ao acaso, e, assim que estiver revista, virá a lume, trazendo no frontispício o título Seconda pratica overo Perfettione della moderna musica [Segunda Prática ou Perfeição da Música Moderna]. Alguns acharão isso estranho, não acreditando que exista outra prática além da ensinada por Zarlino. Mas a esse posso garantir, quanto às consonâncias e dissonâncias, que há uma forma de as considerar diferente dessa já determinada, que defende a moderna maneira de compor com o assentimento da razão e dos sentidos.”
O artista cremonense utiliza-se da locução “Seconda Prattica” para distinguir seus usos composicionais daqueles convencionados anteriormente, identificados como a Prima Prattica, que era esteada nas regras tradicionais do contraponto e que, na busca de uma complexa textura polifônica, obscurecia as intenções expressivas do texto. A expressão dos sentimentos que emanam das palavras tornava-se, então, o alicerce do novo discurso. Por esta ótica, a música de Monteverdi atende primeiramente ao sentimento, à expressão, exaltando algum afeto que a palavra traz, e aí se valerá de recursos como os cromatismos, as modulações, os ornamentos e as dissonâncias, segundo cada caso.
2 comentários:
Olá, gostaria de dizer que sua publicação me ajudou muito em minha pesquisa. Obrigada.
Olá, tambem me ajudou!;)
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