O discurso composicional que inaugura o período Barroco da música, por volta do ano de 1600 (mais precisamente na Itália) possui influência de manuscritos gregos recém decobertos na Europa no decorrer do século XVI. Os humanistas, estudiosos da arte grega, potencializaram o próprio movimento através do pensamento dos antigos, que muitas vezes se antagonizava ao pensamento imposto pela instituição Católica de seu tempo. Eles foram os responsáveis pela disseminação dessa filosofia, cuja idéia residia no valor da figura humana para o universo.
De acordo com a Doutrina do Etos (na perspectiva musical, espressa a ordenação, diferenciação e o equilibrio dos componentes ritmicos, melódicos e poéticos; tal sincronia permitiria à música uma considerável influência sobre o caráter do indivíduo), Platão, ao defender a música com função de educar, já dizia: "o ritmo e a harmonia penetram mais fundo na alma e afetam-na mais fortemente" (A República). Platão acreditava que a música influenciava o caráter do ser humano, e que movimentos ritmicos e melódicos específicos afetavam o individuo distintamente. Partindo desse pensamento, Platão defendeu algum modos musicais e eliminou outros para a formação de um homem que pudesse servir ao Estado.
Posteriormente, o filósofo Aristóteles, discípulo mais importante de Platão, buscou estudar os efeitos que a música causava no caráter e na conduta do ser humano com uma abordagem mais científica. Ele procurou explicar esses efeitos no que chamou de Doutrina da Imitação. Tal doutrina consistia na idéia de que a música imita [representa] as paixões ou estados da alma, a saber: a ira, a coragem, a temperança, entre outras. Com isso, apresentaram uma certa confirmação de pensamento que a música era realmente capaz de manipular o homem.
Voltando para a Renascença, ou mais precisamente para o período pré-barroco, nota-se que muitas foram as criticas negativas à polifonia vocal, composta com o intuito de apresentar o virtuosismo do instrumentista/cantor e a capacidade de construção musical do compositor. De acordo com a opinião de muitos intelectuais deste período, como filósofos, artistas e ouvintes, influenciados pelo pensamento dos antigos, a música deveria expressar sentimentos; e o que parecia acontecer era exatamente o contrário: o contraponto excessivo (principalmente nas músicas policorais) impediam a compreensão do texto, e da mensagem emotiva. A música daquele tempo parecia servir mais à inteligência do que à emoção.
Diante de toda essa questão, surge no ano de 1570, dentre várias academias de literatos surgida na Itália, a Camerata Florentina. A Camerata, constituída por músicos, poetas e filosofos, representou a reunião de estudiosos da cultura grega contra a arte do contraponto. Tais integrantes pretendiam restaurar o pensamento grego através de suas futuras composições. A partir dos pensamentos antigos sobre música, a seguir, os camerísticos tentaram em música restaurar o antigo método grego de declamação, em função de valorizar o texto:
"a harmonia e o ritmo devem se adaptar às palavras, e não as palavras à esses" (PLATÃO, A República)
"o estilo falado admite melhor a elocução dramática" (Aristóteles, Arte Retórica)
"a linguagem será apropriada se expressar emoção e personalidade, e se ela corresponder ao assunto" (Aristóteles, Arte Poética)
A Camerata surgiu com um pensamento novo, baseado no que conhecemos atualmente como a Doutrina [ou Teoria] dos Afetos. Esta doutrina consiste na idéia de que a música move os afetos do ouvinte, "segundo um conjunto de regras que relacionavam determinados recursos musicais (ritmos, motivos, intervalos, etc.) à estados emocionais específicos."(Dicionário Grove de Música). Em 1602, Giulio Caccini, músico e integrante da Camerata, publica sua coletânea de arias e madrigais monódicos (música para apenas uma voz, acompanhada do baixo continuo), chamada "Le Nuove Musiche" (As Novas Músicas). Caccini pretendia com a monodia valorizar a palavra. A música serviria apenas como contribuinte da expressividade do texto, tendo a primeira uma importância secundária. A melodia apresentava-se de forma declamativa, mais próxima da fala, para dar enfase dramática à performance [e a persuasão] do cantor. O mesmo tinha a função de [co]mover o ouvinte.
O "Le Nuove Musiche" de Caccini foi apenas marco do início de um período que viria a seguir, caracterizado por uma música mais dramática, com a criação da Ópera. "L´ORPHEO" de Claudio Monteverdi significou a porta de entrada para o Barroco. E por aí, o pensamento dos antigos gregos é ainda mais ressaltada.
De acordo com a Doutrina do Etos (na perspectiva musical, espressa a ordenação, diferenciação e o equilibrio dos componentes ritmicos, melódicos e poéticos; tal sincronia permitiria à música uma considerável influência sobre o caráter do indivíduo), Platão, ao defender a música com função de educar, já dizia: "o ritmo e a harmonia penetram mais fundo na alma e afetam-na mais fortemente" (A República). Platão acreditava que a música influenciava o caráter do ser humano, e que movimentos ritmicos e melódicos específicos afetavam o individuo distintamente. Partindo desse pensamento, Platão defendeu algum modos musicais e eliminou outros para a formação de um homem que pudesse servir ao Estado.
Posteriormente, o filósofo Aristóteles, discípulo mais importante de Platão, buscou estudar os efeitos que a música causava no caráter e na conduta do ser humano com uma abordagem mais científica. Ele procurou explicar esses efeitos no que chamou de Doutrina da Imitação. Tal doutrina consistia na idéia de que a música imita [representa] as paixões ou estados da alma, a saber: a ira, a coragem, a temperança, entre outras. Com isso, apresentaram uma certa confirmação de pensamento que a música era realmente capaz de manipular o homem.
Voltando para a Renascença, ou mais precisamente para o período pré-barroco, nota-se que muitas foram as criticas negativas à polifonia vocal, composta com o intuito de apresentar o virtuosismo do instrumentista/cantor e a capacidade de construção musical do compositor. De acordo com a opinião de muitos intelectuais deste período, como filósofos, artistas e ouvintes, influenciados pelo pensamento dos antigos, a música deveria expressar sentimentos; e o que parecia acontecer era exatamente o contrário: o contraponto excessivo (principalmente nas músicas policorais) impediam a compreensão do texto, e da mensagem emotiva. A música daquele tempo parecia servir mais à inteligência do que à emoção.
Diante de toda essa questão, surge no ano de 1570, dentre várias academias de literatos surgida na Itália, a Camerata Florentina. A Camerata, constituída por músicos, poetas e filosofos, representou a reunião de estudiosos da cultura grega contra a arte do contraponto. Tais integrantes pretendiam restaurar o pensamento grego através de suas futuras composições. A partir dos pensamentos antigos sobre música, a seguir, os camerísticos tentaram em música restaurar o antigo método grego de declamação, em função de valorizar o texto:
"a harmonia e o ritmo devem se adaptar às palavras, e não as palavras à esses" (PLATÃO, A República)
"o estilo falado admite melhor a elocução dramática" (Aristóteles, Arte Retórica)
"a linguagem será apropriada se expressar emoção e personalidade, e se ela corresponder ao assunto" (Aristóteles, Arte Poética)
A Camerata surgiu com um pensamento novo, baseado no que conhecemos atualmente como a Doutrina [ou Teoria] dos Afetos. Esta doutrina consiste na idéia de que a música move os afetos do ouvinte, "segundo um conjunto de regras que relacionavam determinados recursos musicais (ritmos, motivos, intervalos, etc.) à estados emocionais específicos."(Dicionário Grove de Música). Em 1602, Giulio Caccini, músico e integrante da Camerata, publica sua coletânea de arias e madrigais monódicos (música para apenas uma voz, acompanhada do baixo continuo), chamada "Le Nuove Musiche" (As Novas Músicas). Caccini pretendia com a monodia valorizar a palavra. A música serviria apenas como contribuinte da expressividade do texto, tendo a primeira uma importância secundária. A melodia apresentava-se de forma declamativa, mais próxima da fala, para dar enfase dramática à performance [e a persuasão] do cantor. O mesmo tinha a função de [co]mover o ouvinte.
O "Le Nuove Musiche" de Caccini foi apenas marco do início de um período que viria a seguir, caracterizado por uma música mais dramática, com a criação da Ópera. "L´ORPHEO" de Claudio Monteverdi significou a porta de entrada para o Barroco. E por aí, o pensamento dos antigos gregos é ainda mais ressaltada.
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